sexta-feira, 3 de maio de 2013

Piegas

Há momento para tudo...
E para tudo acostumei-me.
Não apenas com o piegas.

Mas se eu demoro, ele me espera.
Se eu corro, ele me pega.

E a melhor maneira de curar esse piegas dentro de mim,
É pô-lo para fora, seja num papel em carta
Ou num papo de botequim.

Melhor maneira desse piegas sacrificar
É relembrar toda hora, o inútil,
Esse afeto recriminar.

Troco amor por afeto
Para tentar não ser piegas,
Para me livrar de um possível patético.

Mas como?
Estando dentro do franco, claro, límpido
E sincero.

E então, qual é a verdade?
A verdade é que eu gosto de quem não deveria.

Cobiço a quem uma moça direita
Não cobiçaria.
Mas eu sou esquerda.
E quero você à minha esquerda ou direita.

E não, não é só cobiça.
Pois provavelmente assim
Seria caliente.
E não piegas.
Mas é piegas mesmo.

É amar aquela pessoa, aquele jeito...
Quiça até amar
Não poder tê-lo.
Simplesmente amar ele me despertar desejo.

Às vezes penso que ele sabe.
Mas finge não saber; aceita minha amizade,
Mas ignora o meu segundo querer.

Ou ele não me acha interessante.
Ou tem muito juízo.
Eu tenho o juízo final.
O meu inicial é muito tímido.
Talvez deveria repassar sua timidez para o final,
Quem sabe fico mais controlada,
Perto de ti mais acanhada,
Simplesmente apática.
É isso ou minha simpatia beira a ser assanhada.

Pois o problema do meu piegas
É que ele começa com o tesão.
O de vocês não?
E bem, acho que toda libido
Não está muito atrelada à razão.

Toda libido
É o princípio do corrompido.

E será que esse meu ******/ **** *******
Será o mesmo, após passar no meu leito?
Se aquilo que eu almejo, comigo
Ter vivido. 

Eu não sei o quanto quero, como quero...
Só sei que o quero.
Não garanto que eu espero.
Pois ele nem sabe em mim chegar.
Será?

Garanto que o caminho é fácil,
Mas não garanto que o lugar é assim,
Maleável. Plenamente vivenciável. 

Mas a culpa será minha?
Eu o querer é uma sina.
A minha sina.
A dele ele ainda faz.
Se me quiser,
Não o garanto a paz.
Não por mim.
Mas lhe dou muito mais.

Hei de tomar a iniciativa?
Tenho outra alternativa?
Ou não tenho nenhuma?
Pode ser, mas não me contento
Em esperar a nave, olhar a lua.
Vagar na rua, vendo a banda passar.
Esperando o meu amor passar.

Não me sinto sua.
Mas sinto a minha vida com a sua.
Não te sinto meu, mas às vezes te sinto
Um pouco em função de eu.

E eu não sinto o seu corpo,
Mas sinto a sua alma.
Fito o seu rosto,
E para mim isso basta.
Só não sei até quando...
Debruçarei eu meu leito,
Agarrarei o travesseiro,
E um beijo guardado
Não destinarei.
Mas não tem validade,
Não há amargado.

E no orgulho não há ferimento,
Não vaidade, mas não posso negar
Meu particular sofrimento.

Sei que não sei quase nada,
Mas sei que mais nada ainda
É o que me cabe.

Sei o que é meu tudo,
Sei o que preciso.
Sei que te preciso.
E você nem sabe o que sei...
As coisas que eu adivinho,
E tampouco as que eu sinto.

Eu sei que não sei até quando
Eu aguentaria me privar de pelos menos
Dizer que te amo.
Eu não sei até quando, me caberá
De ti esse tanto...
Não sei até quando me descontento
E não tento outro tanto.

Perdoe-me se você está aí, na paz e conforto,
E eu estou te incomodando.

Mas você só precisa de uma coisa para me dar sinal verde,
Para me dar um sinal de esperança:

Enquanto você não pode olhar para cá,
Para o outro lado,

Basta olhar um pouco abaixo,
No espaço dos comentários.
Que não se preocupe, antes de publicados,
São a mim enviados para ser revisados (ok, rima sem querer)

Pois se um dia você tiver vergonha de mim,
Eu nunca terei vergonha de ti.
Por isso esse meu expor (que acontece após algum impor)
Mas também, jamais, seria o seu caos, o seu fim.

E se você está perguntando "será eu?"
Não se acanhe, é você.

Me responda mesmo que seja para me dar um basta,
Pois pelo menos aliviei, em não te adorar
Calada.

E se para mim tal ditado vale, espero que para você
Meia palavra também basta.

E se para mim você vale, espero que para ti
Eu também valha.


- Júlia S.


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