domingo, 28 de abril de 2013

Tenho

Tenho um sangue tão vivo
E uma carne tão pútrida.

Tenho um corpo tão sujo
E uma alma tão pura.

Tenho meus membros inferiores amputados.
Mas braços de abraços apertados.

O que vale é o regenerar
Do libertado.

Tenho raízes,
Mas tenho asas.

Não tenho imposições,
Mas tenho diretrizes.

Tenho arquejante minha respiração,
Mas tenho mais ar no pulmão.

Tenho os pés tão cansados
E mãos que pedem mais.

Tenho uma consciência tão humana
E sentimentos tão irracionais.

Tenho um suor que exala o amor
E tenho lágrimas que cheiram a dor.

Tenho uma personalidade colorida
E tenho uma pessoa incolor.

Tenho um cérebro tão acelerado
E uma mente que se dá o desfrute
E desfruta o ócio.

O que me move é o bem querer
E o que me para é o ódio.

A minha pele sente o bom,
Sob ela procura habitar o bem,
E essa mesma tez é ferida pelos males.

Para não me asfixiar na mesmice
Tenho necessidade de respirar
E quiça fazer
Novos ares.

Tenho que nadar na caretice
Para não me afogar na idiotice.

Mas mais que isso,
Tenho que lutar contra a corrente.

Eu tenho muita coisa,
Às vezes que eu sinto
Mas ninguém sente.

Assim espero
Que eu possua e nada me tenha.
E que nada eu tema.
Assim faço com esmero.

E você, o que tem?
Ou o que sobrepõe o seu ter?

- Júlia S.


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