quinta-feira, 25 de abril de 2013

Quero (?)

Só sei que quero alguma coisa.
Mas não sei o que querer.
Quero fazer.
Mas não sei bem o quê.
Ou como.
Ou o porquê.
Quero ter.
Aquilo que não se compra.
Aquilo que não se vende.
Aquilo que não se explica.
Aquilo que só se sente.
Quero ser.
Quero gente.
Quero o bem.
Não quero o que se mente.
Mas quero omitir.
Quero tudo na minha mente.
Mas não quero tudo.
Não quero nada em meus pés.
Porque eu chuto.
Quero nas minhas mãos.
Porque eu luto.
Quero dar as mãos.
Mas não o meu braço.
Quero torcer.
Mas não quero rezar.
Quero o acontecer.
Quero sangrar.
Mas não pelos olhos.
Nem pela vagina, mas fazer o quê...
Quero que tirem de mim o que tiver para tirar,
Mas não o meu sangue.
Na verdade, quero compartilhar.
Não faço questão de encontrar aquela alma.
Por ora, quero encontrar a minha alma.
E se necessário, exorcizar.
Não dou o meu corpo para crucificar.
E tampouco para apedrejar.
Dou a minha cara a tapa.
Mas não dou o meu coração.
Quero que o devolvam.
Quero o meu chão,
Mas não quero a raiz.
Quero o céu,
E quero a copa para nele tocar.
Preciso de oxigênio.
Mas receio nele me sufocar.
Todos os ares possíveis, eu quero respirar.
Quero me inspirar.
Quero o que tiver expirar.
Não quero nada expirado.
Não quero nada conspirado.
Algo que eu não quero dar, não afirmo que se receber eu vou negar.
Quero a quem precisar pedir desculpas ou agradecer.
Quero gratificar.
Mas não quero pedir clemência.
Não preciso jurar minha inocência.
Se peço clemência,
É pelos outros.
Sabe o que eu quero?
Quero ser de todos.
Mas não quero que todo mundo seja meu.
Não faço questão que me amem.
Mas se me odeiam,
Que seja com fervor.
Desde que não invada o meu espaço.
Ou até mesmo quem me idolatra,
Eu não quero um palhaço.
Eu não quero que aceite.
Eu quero que respeite.
Eu não quero uma bunda,
Eu quero é ter peito,
E não o quero vazio,
Mas também tenho receio se for cheio.
Eu não quero nenhum rótulo,
Mas quero a minha raça.
Eu quero meu direito.
Mas quero fazer pelo esquerdo.
Não sou um pau que nasce torto.
Mas também não sou uma régua que nasce reta.
Quero uma linha livre,
Que vai de um lado para o outro.
Quero um anjo com asas de corvo.
Quero o diabo trazendo aquele gosto
Da carne em meus lábios.
Quero muito ou muito pouco.
Quero bons amigos.
Mas não vários.
Quero encarar o real inimigo.
E não perder tempo com otários.
Quero o sentido, mas não a exata direção.
Quero a força, mas também quero a inércia.
Não quero ser só vetor em ação,
Quero ser uma equação,
Cuja resolução é uma incógnita.
Quero a minha sexualidade.
Quero o meu sexo.
Quero sexo.
Quero o meu sexismo.
Quero achar,
Mas não ter achismo.
Não quero frações ou decimais.
Só números inteiros, menos ou mais.
Ou o zero.
Eu quero.

Querer ou não querer, eis a questão.

Tanta coisas pra querer, meu bem, e enfim... Hard to explain.

- Júlia S.


Um comentário:

  1. Adorei suas palavras,lindos gritos de quem não quer estar calada!
    o que queremos ainda não tem nome...

    Mara Farias

    ResponderExcluir